terça-feira, 1 de julho de 2008

Campanha pela violência na zona sul


Por Hélio de Carvalho

Dentre as muitas vocações naturais da cidade, uma em especial vem se destacando graças a grande imprensa. A violência. O curioso é que alguns bairros da zona sul - acredite - apresentam um dos mais baixos índices de ocorrências policiais do Rio de Janeiro.

O "estado de insegurança" apresentado fortemente pela mídia, nem sempre encontra amparo nas estatísticas e, logo, no cotidiano de bairros como o Leme e São Conrado.
O presidente da Associação de Moradores do Leme (Ama-Leme), Francisco Nunes diz que a sensação de falta de segurança aumentou depois dos tiroteios. Mas nega veementemente que o bairro seja violento. Ao contrário, disse que a guerra do tráfico foi um fato isolado.

- O bairro não tem uma história de violência. O Leme é um bairro residencial com potencial turístico, mas que infelizmente está fora das políticas de investimentos públicos. Poderíamos ser um modelo de urbanização e de preservação ambiental, mas as autoridades preferem investir em Copacabana”, lamentou o presidente, dizendo que o último governo a investir no Leme foi o de Marcello Alencar.

Em uma pesquisa encomendada pela Light - Cia de Eletricidade, São Conrado está em terceiro lugar dentre os mais seguros para se viver. O prisidente do Pólo de Turismo de São Conrado, Guilherme Bezerra, disse que essa estatística ainda não revela a realidade do bairro, já que se inclui nela os bairros do Leblon e Gávea. Uma pesquisa feita pela própria associação de moradores - AMASCO, apontou violência zero no último ano.

- São Conrado sofre com os confrontos entre policiais e tráficantes na Racinha e a própria guerra entre traficantes naquela região. Mas, vale considerar que a Rocinha é um bairro que faz limite com São Conrado e Gávea, mas não é um nem outro. Rocinha é um bairro próprio. Concluiu o presidente do Pólo.
Ainda assim, a mídia insiste em apresentar o bairro como sendo violento, afetando o valor dos imóveis - que já foi o metro quadrado mais caro do Rio - e sufocando a economia local.

A violência não é uma particularidade de uma cidade ou outra, senão uma realidade em todos os grandes centros no mundo inteiro. Não se pode fechar os olhos para esta questão em nossa cidade que é grave e precisa ser tratada com seriedade, não "maquiada" politicamente. Entretanto, não se deve fazer disto um "estado de terror" para atrair a atenção de leitores e expectadores dos jornais. Se isto é uma vocação carioca, tá mais do que na hora de mudar este comportamento. Já basta o problema em sí!